terça-feira, 27 de setembro de 2011

SANTA RITA ENTREVISTA: VIDA SACERDOTAL

Nessa edição vamos conhecer um pouco sobre a vida e os pensamentos do jovem Pe. Ezequiel Bridi, nascido no Oeste do estado de Santa Catarina em uma cidade chamada Saltinho de família católica, o mais velho de um casal de irmãos, Ezequiel trabalhou na agricultura de grãos e na suinocultura (criação de porcos).
A Vocação de Ezequiel iniciou cedo, aos catorze anos ingressou no seminário diocesano de Chapecó, cursou filosofia na universidade da cidade e conclui o curso como leigo, assim que se formou em filosofia,  retornou ao seminário, agora junto aos padres da congregação do Santíssimo Redentor, os redentoristas aonde conclui seus estudos teológicos.
“...Ao longo dessa caminhada procurei sempre descobrir qual a vontade de Deus pra  mim e, embora sempre me achando pequeno diante da missão, aceitei com humildade e alegria fazer de minha vida uma oferta total ao Santíssimo Redentor. Assim, na paróquia de Campo Erê, em 19 de fevereiro desse ano, pela imposição das mãos de Dom Manoel João Francisco, Bispo da Diocese de Chapecó, fui ordenado sacerdote.
Meu primeiro trabalho como padre teve início em março desse ano, na paróquia Mãe do Perpétuo Socorro, em Belém do Pará.”
Sal e Luz: Diante de uma conjuntura que prega o individualismo e a descrença em Deus, é difícil falar de Jesus a sociedade de  hoje?

 
procurei sempre descobrir qual a vontade de Deus
 pra  mim e, embora sempre me achando pequeno diante da missão”
 Pe. Ezequiel, CSsR

Pe. Ezequiel: Diante da realidade que nos cerca atualmente, penso que a dificuldade maior não se encontra no âmbito da comunicação. Antes no relativismo religioso. Ouso afirmar que falar de Deus hoje está na moda. Sim, porque para muitos é uma fonte de renda muito lucrativa, para outros é o caminho do fazer-se conhecido, porque planeja uma caminhada política ou simplesmente porque quer aparecer, quer status.
Enfim, desprezando o terceiro mandamento, muito se usa o nome de Deus em vão. Basta observar as inúmeras “igrejas” que surgem diariamente. Então, a meu ver, o desafio se concentra no sobre o que - de Deus se fala, no para que - se fala de Deus, e em que - Deus se está falando. Todo esse entrelaçamento em torno do ambiente religioso, da fé, contribui significativamente para o que chamamos de relativismo religioso. O relativismo é uma linha de pensamento que nega que possa haver uma verdade absoluta e permanente, ficando por conta de cada um definir a “sua” verdade e aquilo que lhe parece ser o seu bem. Nessa ótica tudo é relativo ao local, à época ou a outras circunstâncias. No campo religioso o relativismo visa igualar todas as crenças religiosas num mesmo patamar, visa dizer que no fim existe um só Deus e que, portanto todas as profissões religiosas são válidas. Acredito veemente que o principal fator que vem contribuindo grandemente para a disseminação desse relativismo é a falta de interesse pela leitura, isto é, pela formação de consciência. Nosso povo padece de cultura no sentido ampla da palavra, pois, de modo geral, nos regemos pelos programas de televisão que na sua grande maioria pouco ou nada contribuem para uma sociedade mais humana. Daí sucede o seguinte, que pregar sobre Jesus para um povo descrente seja menos desafiante que pregá-lo para uma sociedade que o recebe pacificamente, mas que no seu íntimo nada muda, porque não tem uma posição definida, não tem argumentos sólidos sobre a fé que professa. 

Sal e luz: Qual o maior desafio em sua avaliação da igreja na Amazônia?
Pe. Ezequiel:Os principais afetados pelo relativismo religioso foram os católicos, só lembro que outrora nosso país tinha em sua maioria de uma população de confissão católica, mas que nas últimas décadas vem decaindo bruscamente. Isso se constata também aqui no Pará. Portanto, o maior desafio aqui consiste na formação de consciência, sobretudo no conhecimento de nossa doutrina. Sabemos que só se ama o que se conhece, então como poderemos permanecer firmes na Igreja de Jesus Cristo se não a conhecemos.


Sal e Luz : Primeiro círio em Belém? Será que manifestações como essa são importantes para garantir a fé das pessoas? Se não são existem outras?
Sim, de fato será o meu primeiro Círio em Belém. Não tenho dúvidas que manifestações dessa magnitude são importantes para nossa fé, entretanto não são suficientes. Quero deixar claro que acredito piamente na devoção popular, tanto que sou devotíssimo de nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Entretanto, devemos reconhecer que a devoção popular não compõe a essência da vida de nossa Igreja. Não se pode centrar toda a prática espiritual apenas nas devoções populares, é preciso construir uma fé mais sólida, concretizada nos ensinamentos trinitários. Alias é sabido que nenhuma devoção particular substitui a participação do católico na celebração eucarística do domingo, por exemplo. Neste dia, pois, os cristãos devem reunir-se para que, ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus. Para maior conhecimento da relação entre devoção popular e espiritualidade gostaria de sugerir a leitura do seguinte texto: “A Linguagem do Corpo na Devoção Popular do Catolicismo.” Acesse no endereço eletrônico: http://www.pucsp.br/rever/rv3_2003/p_pereira.pdf

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